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sábado, 25 de setembro de 2010


“Mas eu a conheci; e é isso que torna minha vida atual tão estranha. Eu me apaixonei por ela enquanto estávamos juntos, e me apaixonei ainda mais nos anos em que ficamos separados. Nossa história tem três partes: um começo, um meio e um fim. Embora seja assim que todas as histórias se desenrolam, ainda não consigo acreditar que a nossa não durará para sempre. Reflito sobre essas coisas, e como sempre, nosso tempo juntos retorna à minha mente. Relembro como tudo começou, pois agora essas memórias são tudo o que me resta.”

Nicholas Sparks - Querido John


“De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca — de vodca, de lágrima e de café.”


Até para sofrer, a gente carece de quietação.
Para sofrer com capricho, acondicionado, no campo de se rever.
Só o medo da miséria do uso – um medo constante, acordado e dormindo, anoitecendo, amanhecendo.....


E tudo me deu um enjôo. Tinha medo não. Tinha era cansaço de esperança.
Eu sou uma espécie quase em extinção:

- eu acredito nas pessoas -
Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sou aquele pedacinho de inocência que deixei no berço, sou aquela imaturidade que perdi na adolescência, sou aquelas insanidades que cometia quando não possuía responsabilidades, sou aquela doçura infantil que tornou-se amarga ao crescer… Sou aquela falta de senso, sou aquele ser que escutava tudo e sobre tudo perguntava, que hoje fecha-se em lábios calados… Sou a antiga pureza que foi profanada. Sou o mancebo que tanto cortejava, e que não se importava em receber nãos. Sou aquela esperança, hoje tão rala, que aos poucos, esvai-se do meu coração. Sou feita do amor daqueles que me tanto amaram nesta vida passageira, sou feita do afeto tão precioso dos meus escassos, porém dedicados amigos. Sou a princesinha que cansou de sonhar acordada com seu príncipe encantado, sou a donzela que largou a vida de rainha atrás de aventuras, sou a adulta que não suporta a idéia de velhice… Sou o que perdi.

'Tudo que você realmente precisa é amor, e um pouco de chocolate.' (Eu tbm!!)

E naquele dia ela tinha ficado feliz. Bem sabia ela que tinha minutos contados.

 E Se encantava com cada momento, cada palavra dele, cada loucura, intensamente vividas. Mas ela sabia que tinha prazo de duração, como validade.

E nem precisava de muito tempo pro desgaste. Com a mesma intensidade que ele fazia cada coisa e que a encantava como se fosse um menino, com essa intensidade ele ia indo embora e sem explicar nada.

Mas ela já sabia, e lá ia ela, tudo de novo..Procurando mais...



terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os conselhos maternos são horríveis. É complicado apagá-los da cabeça. Adoçam a língua como um AAS infantil. Não resolvem a dor, simplesmente acalmam pelo efeito psicológico. São mandamentos que ecoam por todas as fases de nossa vida, sem expirar, com renovação automática de contrato.

Quando uma mãe fala, a respiração muda de frequência para guardar o apelo. A entonação cristaliza a frase. Demoramos a definir o que é conselho do que é ordem do que é simpatia do que é neurose.

Foram muitas advertências dadas pela Maria Elisa, minha mãe: não sente na pedra fria, não apanhe vento, cuidado ao atravessar a rua, retribua uma gentileza, reze ao chegar em casa, a primeira água do dia é benta, não coma melancia para nadar, não ponha mais do que deseja no prato, não tire fotografia de ninguém dormindo. Coisas óbvias e coisas estranhas misturadas, que não questionei, não argumentei, formavam desígnios divinos.

Uma delas é use sempre gasolina aditivada. Ouvi pela primeira vez aos nove anos e nem pensava em dirigir. Retomou o pedido aos 18, no instante em que recebi a carteira de motorista. Conclui que ela repetiria a sentença no intervalo de nove anos. Nem cismei em replicar e entender; atendi, de pronto, à sua reivindicação. Parecia um suspiro de leito de morte, conhecimento secreto de templários, juramento que renderia uma maldição caso desobedecesse.

Durante minha história, não empregava gasolina comum muito menos álcool.

No posto, entregava a chave e dizia com galhardia:

- Gasolina aditivada, por favor, enche o tanque!

Partilhava da aura de que tinha uma informação privilegiada. O combustível faria meu carro correr melhor e evitaria piratarias.

Mas minha namorada Cínthya estragou tudo (a vocação da mulher é contrariar a sogra). Teimou com a obsessão, como uma criança dissecando um pássaro. Argumentava que o preço não valia a pena, bem mais caro, que não havia lógica possuir um veículo flex e desprezar a vantagem.

Eu me apequenei, pois não desfrutava de explicação convincente, somente a de que minha mãe mandou. Seguia o método por três décadas. Em nenhum momento, suspeitei que estava errado. Fiquei brabo, enfurecido, tomei uma reação desproporcional:

- Minha mãe não me enganaria, ela disse e pronto!
- Ok, não me meto mais... E Cínthya chorou.

O único momento em que contrariamos nossa mãe é quando a namorada chora. Arrependido, prometi que iria tentar. Já reagia com a ansiedade de um alcoólatra avisando que não beberia mais gasolina aditivada.

Ela tratou de encerrar o dilema.

- Nada de mentiras, vamos a um posto agora.

O frentista se aproximou, olhava para ele, olhava para Cínthya, o frentista olhou para Cínthya, Cínthya olhou para o frentista, olhei para Cínthya olhando para o frentista olhando para mim.

- O que vai aí, senhor?
- Fala logo Fabrício. Fala... Você consegue.

Escoava da minha memória a mãe empurrando o balanço na praça, me levando ao médico para retirar curativo, me buscando na saída do colégio. Traía a dedicação do passado. Uma sucessão de lembranças virava ressentimento.
Do fundo do estômago resmunguei:

- Por favor, R$ 50 de álcool.

A namorada aplaudiu, cantou Beatles, festejou o empenho. Vidrada em sua alegria, não reparou quando abri a porta correndo e arranquei a bomba do frentista.

- Não mexe na minha mãe!

Não tocamos mais no assunto. Fingimos que apenas atravessei uma crise. Agradeci o silêncio.

Num dia ensolarado, acompanhando a mãe num passeio, descobri que ela nunca utilizou gasolina aditivada. Mas era tarde demais para mudar.

Desde agora, cinco horas da tarde, até a hora em que for dormir, estarei sozinho, porque disse a todos os meus amigos que estava muito cansado e não queria ver ninguém.
A menininha para quem cuidadosamente reservei esse tempo livre nem se deu o trabalho de me avisar que não viria.
Descubro com melancolia que o meu egoísmo não era tão grande assim, pois dei ao outro o poder de me magoar.
Menininha, foi com carinho que lhe dei esse poder. É com melancolia que a vejo usá-lo.
Os contos de fada são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: "Era só um conto de fadas..." E a gente sorri de si mesma. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.
A espera, os passos leves. Depois as horas que correm frescas como um riacho em meio à relva sobre seixos brancos. Os sorrisos, as palavras sem importância que são tão importantes. Escutamos a música do coração: é linda, linda para quem sabe ouvir... 

Queremos muitas coisas, é claro. Queremos colher todos os frutos e todas as flores. Queremos sentir o cheiro de todos os campos. Queremos brincar. Será mesmo brincar? Nunca sabemos onde começa a brincadeira nem onde ela acaba, mas sabemos que somos carinhosos. E ficamos felizes.
Não gosto da estação interior que substituiu minha primavera: uma mistura de decepção, de secura e de rancor. Mergulho num tempo vazio onde não tenho mais motivo para sonhar. O mais triste num sofrimento é se perguntar : "Vale a pena?"
Vale a pena todo esse sofrimento por quem nem mesmo pensa em avisar? Certamente não. Entaõ nem sofrimento se tem mais, e isto é ainda mais triste.
Não há Pequeno Príncipe hoje, nem haverá nunca mais. O Pequeno Prícipe morreu. Ou então tornou-se cético. Um Pequeno Principe cético não é mais um Pequeno Príncipe. Fiquei magoado com você por tê-lo destruído.
Também não haverá mais carta, nem telefonema, nem sinal. Não fui muito prudente, e não pensei que pouco a pouco, com isso, arriscava um pouco de sofrimento. Mas eis que me feri na roseira ao colher uma rosa.
A roseira dirá: "Que importância eu tinha para você?" Chupo meu dedo, que sangra um pouquinho, e respondo: "Nenhuma, roseira, nenhuma. Nada tem importância na vida. (Nem mesmo a vida.) Adeus roseira."


"chove demais no que eu escrevo. não há espaço para céu limpo. a cidade é sempre cinza. os muros sempre sujos. o vento sempre leva alguma coisa. os cabelos. um papel. a barra de um vestido. as folhas da calçada. há dores demais no que eu escrevo. não existem amores perfeitos. as fotos estão sempre rasgadas. as frases no avesso. na cama, sempre sobra um maldito travesseiro. no som, apenas os discos úmidos. que rodam. e rodam. ecoando pelo apartamento suas letras tristes. rimas imperfeitas. há exagero demais no que escrevo. tempestades em copos pequenos. gritos. berros. palavrões. os arranhões são sempre rasgos. enormes. de ponta a ponta. abrindo o corpo pra que me enxerguem por dentro. roubem o que tenho escondido. me dissequem. há mentiras demais. medos demais. talvez seja preciso usar outra vida naquilo que escrevo. não a minha. por aqui, chove demais"
''O autor é o conferencista Leo Buscaglia, que certa ocasião, falou de um concurso em que tinha sido convidado como jurado.
O objetivo era escolher a criança mais cuidadosa.

 
Eis alguns dos vencedores:
 
1. Um garoto de 4 anos tinha um vizinho idoso ao lado, cuja esposa havia falecido recentemente.
Ao vê-lo chorar, o menino foi para o quintal dele, e simplesmente sentou-se em seu colo.
Quando a mãe perguntou a ele o que havia dito ao velhinho, ele respondeu:

- Nada mamãe...só ajudei ele a chorar.
 
2. Os alunos de uma professora de primeira série estavam examinando uma foto de família.
Uma das crianças da foto tinha os cabelos de cor bem diferente dos demais. Alguém logo sugeriu que essa criança tivesse sido adotada.
Logo uma menina falou:
- Sei tudo sobre adoção, porque fui adotada.
Logo outro aluno perguntou-lhe:
- O que quer dizer "ser adotado"?
- Significa que você cresceu no coração de sua mãe, e não na sua barriga!
 
3. Sempre que estou decepcionado com meu lugar na vida, eu paro e penso no pequeno Jamie Scott. 
Jamie estava disputando um papel na peça da escola. Sua mãe me disse que tinha procurado preparar seu coração, mas ela temia que ele não fosse escolhido.
No dia em que os papéis foram escolhidos, eu fui com ela para buscá-lo na escola. Jamie correu para a mãe, com os olhos brilhando de orgulho e emoção:
- Adivinha o quê, mãe!
E disse aquelas palavras que continuariam a ser uma lição para mim:
- Eu fui escolhido para bater palmas e espalhar a alegria!
 
4. Conta uma testemunha ocular de Nova York :
Num frio dia de dezembro, alguns anos atrás, um rapazinho de cerca de 10 anos, descalço, estava em pé em frente a uma loja de sapatos, olhando a vitrina e tremendo de frio.
Uma senhora se aproximou do rapaz e disse:
- Você está com pensamento tão profundo, olhando essa vitrine!
- Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos...
A senhora compadeceu-se dele, tomou-o pela mão, entrou na loja e pediu ao atendente para dar meia duzia de pares de meias para o menino.  Ela também perguntou se poderia conseguir-lhe uma bacia com água e uma toalha. O balconista rapidamente atendeu-a e ela levou o garoto para a parte detrás da loja e, tirando as luvas, se ajoelhou e lavou seus pés pequenos e secou-os com a toalha.
Nesse meio tempo, o empregado havia trazido as meias. Calçando-as nos pés do garoto, ela também comprou-lhe um par de sapatos. 
Ela amarrou os outros pares de meias e entregou-lhe.  Deu um tapinha carinhoso em sua cabeça e disse:
- Sem dúvida, vai ser mais confortável agora.
Como ela logo se virou para ir, o garoto segurou-lhe a mão, olhou seu rosto diretamente, e visivelmente emocionado perguntou:
- Você é a mulher de Deus?''